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Saiba porque hits, como “In My Feelings” de Drake, grudam em nossa cabeça

Drake libera videoclipe do hit “In My Feelings”

Ciência explica como a repetição e simplicidade garantem que faixas grudem e façam sucesso.

Entre todas as 25 músicas de Scorpion, último álbum de DrakeIn My Feelings não foi uma das faixas que se destacou de cara. Os singles anteriores, “God’s Plan” e “Nice for What” pareciam ser melhores. Porém, depois de umas duas ou três semanas do lançamento, a frase “Kiki, do you love me?” estava permanentemente grudada no cérebro de milhões de pessoas pelo mundo que não conseguiam ouvir a musica uma vez só.
Com isso, a faixa estreou no sexto lugar na Billboard em julho, e desde então lidera o gráfico por 7 semanas seguidas e estourou o recorde de faixa com mais streamings em uma só semana, com 116 milhões de streams. A internet também deu sua contribuição, transformando “In My Feelings” em um desafio de dança em que até o Zé Gotinha se aventurou.
O sucesso de faixas como “In My Feelings” pode ser muito facilmente explicado pela psicologia, como contou para a Vice a musicoterapeuta, mestre em Educação, Arte e História da Cultura e docente do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) Priscila Mulin. Ela diz que a mente humana cria habituação a sons desde o início da vida, sendo a primeira dessas habituações à repetição e simplicidade.
“O ritmo repetitivo altera nossa consciência, porque é como se a gente se concentrasse naquele som e ela se dissipasse”, fala a professora. “Os padrões repetitivos tendem a fazer a gente querer manter a repetição: ou seja, ouvir a música novamente. Mas não são só questões rítmicas: também se trata do que é repetitivo naquela cultura.”
Isso explica também muitos sucessos dos últimos anos. Não só instrumentalmente, mas também liricamente: “Versace”, dos Migos com Drake, “Gucci Gang”, de Lil Pump, que contam com refrões repetindo uma mesma palavra, e os hits com poucos versos, refrões e adlibs de Playboi Carti são grandes exemplos disso.
Como disse o compositor e acadêmico R. Murray Schafer, o ouvido não tem pálpebras: se um som está tocando, somos obrigados a ouvi-lo e, nosso cérebro, a processá-lo. Isso explica a febre de “In My Feelings” e de tantos outros hits que de cara você não gostou, mas acabou escutando muito. Ainda segundo Mulin, a familiaridadade gera o sentimento de “eu conheço, então eu gosto.”
“Não é necessariamente uma preferência consciente, mas uma preferência imposta”, finaliza.
Ou seja: quanto mais pessoas ouvem, mais aquilo toca, o que faz as pessoas quererem ouvir mais, o que garante que o som toque mais ainda e assim sucessivamente.

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